Diminuir, moderar e limitar são as ideias principais dessa mais nova tendência alimentar, o reducitarianismo. A prática consiste em incluir cada vez menos produtos de origem animal na dieta, o que a torna atraente e acessível, afinal nem todo mundo quer ou mesmo pode seguir uma dieta estritamente vegana ou vegetariana, não é mesmo?

A dieta propõe aos seus adeptos uma diminuição do consumo de alimentos de origem animal, mas sem radicalismos, fugindo do “tudo ou nada”. É em razão disso que ela acaba se revelando como uma alternativa menos radical ao vegetarianismo e ao veganismo. Ao mesmo tempo, ela acaba abrindo um caminho para quem deseja diminuir a ingestão de carne, mas ainda não está totalmente convicto de eliminá-la totalmente do cardápio.

Comer para um mundo melhor

O movimento conta com a Reducetarian Foundation, sediada nos Estados Unidos que defende que:

“Se você tem uma dieta à base de plantas ou pratica as segundas sem carne, você é um redutor! Cada um de nós tem motivações diferentes e utiliza ferramentas diferentes, mas compartilhamos um objetivo comum: um mundo melhor. Juntos, podemos proteger o meio ambiente, melhorar a saúde humana e poupar os animais da crueldade.”

O movimento tem, por assim dizer, 3 focos de atenção em sua concepção: os seres humanos, o meio ambiente e os animais. Os três se beneficiam da adoção do reducitarianismo em cada um em sua dimensão própria, vamos ver como?

Seres Humanos: Uma questão de saúde

Ao propor uma dieta com base em alimentos vegetais, há inúmeros benefícios na saúde do indivíduo. Com ela, portanto, o ser humano ganha.

O mundialmente conhecido documentário da Netflix, The Game Changers, mergulha nesse universo e traz resultados impressionantes sobre a adoção de uma dieta baseada em frutas e vegetais. Se você ainda viu, fica aí a nossa dica de entretenimento informativo.

Além disso, ao variar a dieta e permitir mais produtos de origem vegetal, se tem acesso a novos produtos, novos sabores e novas formas de preparações e receitas. É um novo mundo de sabores cujo leque se abre para os seus adeptos.

Apesar dos inegáveis benefícios de comer mais produtos de origem vegetal, atualmente existem ainda pouquíssimas pessoas veganas ou vegetarianas. No Brasil, a última pesquisa Ibope sobre o assunto, realizada em 2018, aponta que cerca de 30 milhões de brasileiros se declaram vegetarianos. Apesar de indicar um crescimento de 75% em relação a 2012 o número ainda é pequeno e pode aumentar.

A necessária ampliação deste movimento, segundo o presidente da Reducetarian Foundation, Brian Kateman, passa pelo abandono da mensagem de ‘tudo ou nada’, ou seja, o discurso de que uma eliminação completa e abrupta de produtos de origem animal seria indispensável. Para ele, o reducitarianismo oferece uma solução prática, realista e atraente, além de passar uma mensagem mais apelativa, pois adota o mote do “menos em vez de nada”. Sugestão muito mais palatável, é verdade.

Meio Ambiente: A tão falada Sustentabilidade

Em um momento em que a preocupação com o planeta resultante do consumo exagerado só aumenta, o reducitarianismo faz muito sentido.

Ele é relativamente recente – consolidou-se no nos últimos quatro anos, principalmente nos Estados Unidos –, mas atrai cada vez mais adeptos ao prometer benefícios concretos para o meio ambiente.

Nem todo mundo sabe, mas as emissões de gases que contribuem para o aquecimento global decorrentes da atividade pecuária equivalem a 7,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano. Isso significa que a produção de carne corresponde a 14,5% de todas as emissões produzidas pelo homem, segundo as Nações Unidas.

Além disso, a agricultura também responde pela perda da biodiversidade e desmatamento de grandes áreas destinadas ao pasto de animais.

O planeta agradece por esta redução.

Animais: Menos crueldade, mais benevolência

Em relação aos animais destinados ao consumo humano, o reducitarianismo propõe um novo olhar sobre esse consumo de alimentos de origem animal. A compaixão por eles também entra na equação desta dieta.

Ao propor a redução do consumo de produtos lácteos, ovos e carnes, volta-se o pensamento para as condições em que estes são fabricados em escala industrial. Você já pensou como vive a vaquinha que produz o leite que você consome no seu café da manhã?

A prática parte de uma preocupação com o bem-estar destes animais criados em instalações industriais e em larga escala para alimentar as pessoas, nem sempre com atenção às necessidades destes seres. Em sua concepção, o reducitarianismo se debruça também sobre essa questão de respeito aos animais.

De acordo com dados divulgados pela própria fundação reducitarianista, mais de 70 bilhões de animais são mortos por ano para o consumo humano, infelizmente nem todos sem crueldade.

Diminuir, ainda que em parte, esses números já significaria uma grande contribuição para a diminuição da crueldade animal.

Vamos aderir?

Aspirantes a reducitarianos podem começar eliminando a carne da dieta um dia na semana, nos moldes da Segunda Sem Carne. Já é um bom começo, não é verdade?

Uma outra possibilidade é a adoção de uma dieta vegana ou vegetariana durante a semana, deixando para comer carne somente durante o fim de semana, lembrando-se ainda de reduzir a quantidade que você normalmente põe no prato.

Entretanto, as mudanças e adequações devem ser feitas sempre de maneira muito cuidadosa e responsável. Isso porque, considerando que os nutrientes necessários devem chegar ao organismo de forma correta, evitando desnutrição e deficiência de nutrientes, é preciso se alimentar com vegetais, legumes, frutas e verduras de grupos variados, mantendo todas as necessidades atendidas para um corpo saudável. Para isso, é imprescindível um acompanhamento adequado e individualizado por um nutricionista, que vai te ajudar a alcançar uma melhor e correta adequação de cardápio.

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