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Sem moderação: o boom dos vinhos e bebidas sem álcool

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Durante muito tempo, brindar sem álcool parecia sinônimo de abrir mão do sabor ou da experiência. Mas algo mudou — e rápido. Das cartas de vinhos aos encontros entre amigos, uma nova geração de rótulos e hábitos está ganhando espaço nas taças. Neste artigo, a sommelière Carol Souzah mergulha no universo dos vinhos sem álcool, com olhar atento às tendências, às transformações do mercado e às possibilidades que cabem em cada gole.

Sem moderação: o boom dos vinhos e bebidas sem álcool

Você já percebeu como, de uns tempos para cá, as prateleiras dos mercados e as cartas de bares e restaurantes passaram a oferecer mais opções de bebidas sem álcool? Tenho pensado muito nisso no último ano, pois vejo acontecer tanto entre meus amigos quanto nas mesas dos lugares por onde passo: um verdadeiro boom no consumo dessas bebidas — de cervejas e drinks a, claro, vinhos.

Depois de muito ler e conversar com consumidores sobre o assunto, não acredito que seja apenas uma moda passageira, mas sim uma mudança real nos hábitos de consumo. O vinho, esse símbolo de celebração e prazer, também entrou na onda, e cada vez mais pessoas estão trocando a taça tradicional por uma versão sem álcool. Mas o que está por trás desse movimento? Saúde, bem-estar, responsabilidade ao dirigir, novas experiências ou pura curiosidade?

Os vinhos sem álcool são bons?

Na minha visão, a qualidade dos vinhos sem álcool melhorou bastante nos últimos anos. Antes, muitos eram apenas sucos gasosos sem complexidade. Hoje, com novas técnicas, eles conseguem manter estrutura, acidez e aromas interessantes. Ainda há desafios — principalmente no teor de açúcar, corpo e persistência em boca —, mas vinícolas internacionais estão investindo pesado em melhorias.

Mais abaixo, dou algumas dicas para escolher o vinho não alcoólico ideal para o seu perfil.

Sei que muita gente ainda tem dúvidas (e até certo preconceito). Eu mesma já degustei rótulos com experiências bem diferentes: um espumante brut brasileiro que não me agradou — faltavam aromas, estrutura, e tinha um residual de açúcar alto demais para um brut. Já o segundo foi uma grata surpresa: um espumante francês da Borgonha realmente seco, com ótima acidez, aromas elegantes e borbulhas deliciosas. Como sempre digo: no mundo do vinho, vale a pena testar — especialmente se você tem curiosidade por bebidas não alcoólicas.

Tendência ou futuro?

O aumento na procura por vinhos sem álcool sugere que essa não é apenas uma fase. Estudos apontam que, até 2030, o mercado global de bebidas “no-low” (sem ou com baixo teor alcoólico) pode dobrar de tamanho. A busca por uma vida mais equilibrada, sem abrir mão do prazer, está impulsionando o surgimento de novas opções.

O crescimento das bebidas sem álcool

Nos últimos anos, o mercado de bebidas sem álcool tem crescido de forma expressiva, impulsionado por mudanças no estilo de vida e uma maior preocupação com a saúde e o bem-estar. Segundo o estudo No- and Low-Alcohol Strategic Study 2024, da IWSR, o segmento atraiu 61 milhões de novos consumidores entre 2022 e 2024 nos dez principais mercados globais — incluindo o Brasil. Esse número supera os 38 milhões de novos consumidores nas bebidas com baixo teor alcoólico no mesmo período.

Outro ponto que me chama atenção é que, no Brasil, esse movimento tem ganhado força principalmente entre os consumidores mais jovens, que buscam equilíbrio entre prazer e bem-estar.

Como é feito um vinho sem álcool?

Diferente de um simples suco de uva, o vinho sem álcool passa por todo o processo de fermentação, como qualquer vinho convencional. A diferença está na etapa final, quando o álcool é removido por métodos como destilação a vácuo ou osmose reversa, preservando os compostos aromáticos e a estrutura do vinho.

Quem fez vinho sem álcool primeiro?

A Alemanha foi uma das pioneiras na produção de vinhos desalcoolizados. A vinícola Weinkönig começou a produzir rótulos sem álcool ainda na década de 1900. No entanto, foi apenas nos últimos 20 anos que o mercado decolou. Hoje, vinícolas renomadas como Torres (Espanha), J. Hofstätter (Itália) e Freixenet (Espanha) investem fortemente nesse segmento.

E no Brasil?

Por aqui, as vinícolas La Dorni (PR) e Vinoh (RS) são referências quando o assunto é vinho sem álcool, com opções que vão de espumantes a tintos secos. Além delas, nos últimos dois anos, outras grandes vinícolas brasileiras também passaram a lançar vinhos tranquilos, com foco especial nos espumantes.

Curiosidades sobre vinhos não alcoólicos

  • Menos calorias: Um vinho sem álcool pode ter até metade das calorias de um vinho tradicional.
  • Inclusão social: Pessoas que não bebem por questões de saúde, religião ou escolha pessoal agora podem brindar com tranquilidade.
  • Mais que um suco: Os vinhos sem álcool mantêm compostos como polifenóis e antioxidantes, preservando parte dos benefícios do vinho convencional.

Dicas da Carol Souzah

Como escolher o melhor tipo de vinho sem álcool?

  • Se você busca um vinho sem álcool com mais fidelidade aos aromas e sabores do vinho tradicional, menos açúcar e perfil sensorial mais equilibrado, prefira os produzidos por destilação a vácuo. Essa técnica evita que o vinho fique excessivamente doce ou perca sua identidade. É bastante usada em rótulos europeus de alta qualidade (geralmente mais caros, mas vale o investimento).
  • Se o rótulo não especifica qual método foi usado (osmose reversa ou destilação a vácuo), pergunte a um especialista ou pesquise rapidamente no Google.

Quer experimentar vinhos secos e espumantes não alcoólicos e não sabe onde encontrá-los?

  • Empório Sem Álcool – Veuve Du Vernay Brut (espumante francês que adorei)
  • Armazém Sem Álcool
  • Amazon
  • Em Salvador: restaurante Encantos da Maré, da Chef Deliene Mota
  • Lojas físicas: alguns supermercados e empórios já oferecem boas opções nacionais e importadas.

Um conselho? Se for beber vinho sem álcool, beba sem moderação!

Carol Souzah sommèliere e jornalista

Sobre Linha Editorial e a Carol Souzah

Carol Souzah é sommelière, jornalista e nova colunista do Muito Gourmet.

A sommelière abordará inovações no mundo dos vinhos, curiosidades, harmonizações, aspectos socioeconômicos, sustentabilidade, ética na produção e muitas dicas.


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