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Em meio a debates acalorados e polêmicas fervilhantes no dendê, a recente decisão do Rio de Janeiro de reconhecer o acarajé como patrimônio histórico e cultural reacendeu um antigo desejo dos baianos: o reconhecimento do “bolinho de fogo” como um legado não apenas cultural, mas também histórico.
É importante ressaltar que, polêmicas à parte, essa atitude por parte do estado sudestino é, sem dúvida, um avanço. Não é um simples reconhecimento, é um passo importante para a sua preservação, incentivo e promoção.
O acarajé, em sua essência, é mais do que um simples petisco; é uma manifestação cultural, uma herança de nossos antepassados que se perpetua até hoje. É uma comida que alimenta não só o corpo, mas principalmente a nossa fome de cultura, sem a qual perdemos identidade, história, esquecemos quem somos.
Teve muita gente que ficou mordida com a iniciativa dos fluminenses. Interpretaram por aí que o Rio de Janeiro estava tomando para si a sua paternidade. Entretanto, não é nada disso. A lei apenas reconhece a produção e venda como patrimônio de valor histórico e cultural do Estado do Rio de Janeiro, somente isso. Essa lei de um artigo só existe, unicamente, para fazer essa afirmação.
A partir daí entretanto, desdobramentos importantes desse reconhecimento podem ocorrer, afinal, ao poder público cabe a proteção de todo o patrimônio histórico brasileiro, especialmente no que diz respeito à sua preservação. Ponto para o errejota, que reconheceu algo importantíssimo e deu um passo significativo para a valorização e preservação desse importante legado trazido da África.
Na verdade, muito desse sentimento de estranhamento dos baianos com os fluminenses vem do seguinte motivo: aqui na Bahia o acarajé, imagine só, não é patrimônio histórico e cultural. Sim, o acarajé da Bahia, na Bahia não tem esse reconhecimento. Oxe!
Ora, é inegável que o reconhecimento deveria primeiramente emergir do seu berço original: a Bahia. Na sua capital, Salvador, a sua presença é tão enraizada que ele se tornou sinônimo da identidade da cidade. Se a Bahia tivesse um documento RG de identidade, a foto 3×4 seria a de um acarajé.
Com a palavra os deputados estaduais baianos, representantes que podem, na esteira do que já foi feito, fazer a diferença e elevá-lo ao patamar que ele merece. Se queremos que esta tradição seja oficialmente reconhecida é imperativo que façamos pressão sobre os nossos eleitos.
Afinal, não é apenas a comida em si que está em jogo, mas a honra e o respeito ao ofício das baianas, profissionais que mantêm viva essa tradição há séculos. Não há acarajé sem o trabalho diário dedicado de mulheres que preservam o fazer, a receita e os modos relacionados.
Além de pressionar o deputado estadual em que você votou, tem algo mais que você pode fazer. Você aí, não deixe o acarajé morrer, não deixe o acarajé acabar.
Está chegando uma data super importante e significativa: o Dia Nacional da Baiana de Acarajé, em 25 de novembro.
Nesse ano a comemoração vai ser especial e vai ser a oportunidade perfeita para demonstrar nosso apoio. Vem aí o “Dia da Baiana Feliz”, uma iniciativa que visa fortalecer a entidade e dar apoio à categoria das Baianas, no mês em que se comemora o seu dia.
Leve seu Acarajé no Dia da Baiana Feliz
A Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos e Similares – ABAM lançou a campanha “Dia da Baiana Feliz”.
A ideia é simples e engajadora: de 31 de outubro a 25 de novembro, estará a venda um voucher de R$ 10,00, que dará direito a um acarajé completo (com camarão, você sabe) que poderá ser trocado em 25 tabuleiros de baianas espalhados por Salvador, nos dias 25 e 26 de novembro.
Este voucher poderá ser adquirido em tabuleiros, bares e restaurantes e diversos tipos de outros empreendimentos e terá sua renda revertida para a ABAM.
Ao participar deste evento, não estamos apenas desfrutando de um acarajé saboroso, mas também reforçando nossa solidariedade e reconhecimento a essas profissionais. Estamos abraçando uma causa que valoriza nossa identidade cultural e histórica.
Conclusão
Em resumo, enquanto celebramos a decisão do Rio de Janeiro, é hora de voltarmos nossos olhos para a Bahia e exigir que o poder público reconheça oficialmente o nosso quitute como patrimônio.
E, enquanto fazemos isso, que tal fazer uma baiana de acarajé feliz? Não apenas com palavras, mas com ações concretas que demonstrem nossa gratidão e reconhecimento pelo legado que elas carregam e compartilham conosco diariamente. E de quebra, você leva um completão! Bom demais, não?