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Manual descomplicado das taças de vinho: O que é realmente necessário na hora de servir

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Qual taça de vinho usar? Um guia sem frescura para servir vinho com elegância

Se você já ficou na dúvida sobre qual taça usar para cada tipo de vinho, ou se se perguntou se isso realmente faz diferença, esta coluna é pra você. Em mais um texto envolvente e direto, a sommelière Carol Souzah convida à descomplicação: nem tudo que reluz é cristal, mas entender o que cada uma faz pode transformar sua experiência.

Mais do que técnica, o vinho é feito de contexto, afeto e presença. E a escolha da taça pode ser, sim, um detalhe que afina os sentidos sem perder o prazer. Carol traduz o universo das taças com leveza e autoridade, mostrando que é possível brindar com consciência, sem abrir mão da simplicidade.

Manual descomplicado das taças de vinho: O que é realmente necessário na hora de servir

Você realmente precisa de uma diferente para cada vinho? Na minha opinião, não. Ou melhor: depende. Sei que esse é um tema espinhoso (e curioso) pra muita gente, por isso hoje quero falar sobre as lindas e temidas taças de vinho.

Pra começar: não precisa gastar uma fortuna. Sinceramente, não acho necessário ter um arsenal de taças para aproveitar um vinho com qualidade e prazer. Existem cerca de seis a oito estilos clássicos, e, convenhamos, ninguém quer interromper a noite a cada gole só pra trocar de taça. Imagina: você começa com um Sauvignon Blanc, passa pra um Nebbiolo, depois um Petit Verdot… e, a cada vinho, uma taça diferente? Além de cansativo, isso quase sempre é desnecessário.

Mas você já parou para pensar na real importância de uma boa taça na degustação? Mais do que um copo, ela é a ponte entre o vinho e os nossos sentidos.

Sim, o formato da taça influencia na concentração dos aromas, na oxigenação e na forma como o vinho chega à boca. Taças maiores favorecem tintos encorpados; taças menores preservam a acidez dos brancos; as flûtes mantêm a efervescência dos espumantes. Há lógica nisso tudo — mas também há exagero.

Taça universal: menos pose, mais proveito

Marcas renomadas como a Riedel criaram taças específicas para cada uva: uma para Pinot Noir, outra para Cabernet, outra para Syrah… Mas, para o dia a dia, uma boa taça universal (com haste, boca média e bojo arredondado) já cumpre bem seu papel. Ela serve para brancos e tintos e permite que o vinho se expresse com dignidade, sem exigir uma cristaleira inteira.

Mais do que certo ou errado, pense no contexto: é um jantar despretensioso ou uma degustação técnica? Siga sem exageros.

A evolução das taças: de tulipa técnica à experiência sensorial

Elas foram evoluindo com o tempo. Um exemplo são as taças ISO, técnicas, usadas em concursos e pouco conhecidas fora do meio profissional. Elas surgiram nos anos 1970 com formato em tulipa, ideal para concentrar aromas. Mas a prática mostrou que taças maiores liberam melhor os aromas e transformam a experiência.

taças de vinho ISO
Taça ISO

Concordo demais com Jancis Robinson, uma das maiores referências do vinho: depois que a gente prova numa taça do tamanho certo, não tem mais volta.

E as sem haste? Praticidade ou heresia?

As chamadas “stemless” viraram moda. Práticas, modernas, fáceis de guardar, mas esquentam o vinho com o calor das mãos. Em ocasiões informais, funcionam. Para degustações mais sérias, prefira as tradicionais com haste.

taças de vinho stemless
Taça Stemless

Preciso trocar a cada vinho?

Depende. Se você está fazendo uma sequência lógica, por exemplo, de branco para tinto leve, não precisa trocar. Nem enxaguar. Agora, se for de um tinto encorpado para um branco delicado, o ideal é trocar ou fazer o “avinhamento”: enxaguar com o próximo vinho antes de servir.

Flûte ou tulipa para espumante?

A flute preserva as borbulhas, mas dificulta a liberação dos aromas. Hoje, muitos especialistas preferem taças em formato tulipa ou mesmo taças de vinho branco para espumantes, valorizando a experiência aromática.

Tipos de taças e suas funções

  • Bordeaux: Alta, bojo largo. Para vinhos encorpados como Cabernet Sauvignon.
  • Borgonha: Bojo mais amplo. Para vinhos delicados como Pinot Noir.
  • Chardonnay: Bojo médio e abertura estreita. Preserva aromas.
  • Sauvignon Blanc/Riesling: Taças menores. Mantêm acidez e concentração aromática.
  • Espumantes: Prefira tulipas ou taças de branco.
tipos de taças de vinho
Alguns tipos de Taça de Vinho

Cristal ou vidro? Sim, faz diferença

As de cristal, por serem mais finas e lisas, elevam a experiência. Aromas e sabores se expressam melhor. São mais resistentes e moldáveis. Para os entusiastas, vale o investimento.

Dica da Somm

Se quer praticidade sem abrir mão da qualidade, aposte na taça estilo Bordeaux. É a mais usada em restaurantes e serve bem diversos estilos, especialmente tintos.

No fim das contas, vinho é prazer, afeto e presença. Se a taça ajuda, ótimo. Se não atrapalha, melhor ainda. O importante é brindar sem frescura, com consciência, curiosidade e coração aberto.

taça
Taça Bourdeaux
Carol Souzah sommèliere e jornalista

Sobre Linha Editorial e a Carol Souzah

Carol Souzah é sommelière, jornalista e nova colunista do Muito Gourmet.

A sommelière abordará inovações no mundo dos vinhos, curiosidades, harmonizações, aspectos socioeconômicos, sustentabilidade, ética na produção e muitas dicas.


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