A arte de Bel Borba compõe a imensa beleza da ensolarada Salvador. Este artista eclético e múltiplo mostra um lado do Brasil que não é tão retratado na grande mídia, sob um olhar poético e lúdico. Ele é um dos expoentes do que o país tem de melhor nas artes plásticas. Acompanhe essa entrevista com Bel Borba, artista plástico patrimônio de Salvador.

MG BelBorba Vertical

Bel Pinta e Borba

À primeira vista percebe-se que as suas obras compõem a imensa beleza da ensolarada Salvador. Este artista eclético e múltiplo mostra um lado do Brasil que não é tão retratado na grande mídia, sobretudo com um olhar poético e lúdico, assim ele é um dos expoentes do que o país tem de melhor nas artes plásticas.
Filho de advogados, Bel Borba bem que podia seguir uma carreira semelhante, contudo, preferiu ainda bem jovem abraçar a carreira artística. Ao passo que hoje é pintor, escultor, gravador, intervencionista urbano, muralista, realizador de diversos vídeo performances e segundo ele:

“E nunca me perdoaria se soubesse desenhar.”

Bel Borba

Suas Criações

A sua carreira sempre foi uma de suas marcas a capacidade de reutilização de materiais. Para Bel Borba, muitas vezes a matéria prima é o que dá start para inspiração da obra. Ele é fiel ao seu instinto, à sua intuição, à sua espontaneidade e logo, coloca tudo isso à serviço do seu lado irracional e criativo.

Em toda sua criação ele faz um trabalho de interpretação, leitura, decodificação e representação, se permite com desenvoltura o exercício da livre criação a serviço de uma causa, tema ou de uma boa ideia. Afinal, é como ele próprio costuma dizer:

“Uma imagem vale por mil palavras, mas uma boa ideia vale mais que mil imagens”.

Bel Borba

A relação entre o Artista e Salvador

Bel faz do seu diálogo com a cidade, da sua trajetória e atitude, o perfil da sua obra. Logo, a sua arte está em todos os lugares da cidade: são mais de 40 anos de intervenções urbanas, nos seus grandes murais de mosaicos nas encostas, esculturas, museus e coleções particulares.Nesse sentido, muitas obras de Bel Borba já são conhecidas como marcos e pontos de referência em Salvador, logo já fazem parte da paisagem da capital baiana. Algumas de suas obras estão permanentes em locais tombados pelo patrimônio histórico. Portanto, eternizados na capital baiana.

Ele é muito querido e bastante popular entre os soteropolitanos, com trânsito e relações nos mais diversos círculos sociais da cidade. Acima de tudo isso é o reflexo do seu carisma e personalidade, além de todo reconhecimento internacional por suas obras e exposições nos mais diversos museus e galerias de vários cantos do mundo.

E vamos às perguntas:

Encontrou muitas dificuldades em sua trajetória?

Bel Borba: Dificuldade não é uma prerrogativa dos artistas visuais. São quase 50 anos de labuta, como era de se imaginar as dificuldades são muitas. Ou seja, até quando está bom não é fácil.

Quais lugares que mais gostou de expor?

Bel Borba: Antes de tudo, é sempre uma alegria expor na primeira capital do Brasil, Salvador da Bahia. Me sinto indissociável da minha cidade. Depois, lugares como Nova York, Pamplona, Marbella, Montreux e Berlin: São cidades inesquecíveis. Quando você faz uma exposição em uma cidade fora do seu país, você estabelece um laço com aquele lugar, começa a fazer parte da sua história e quem sabe, você da dela? Então, nesse sentido, nós artistas quando estamos lá fora apresentando um trabalho, estamos representando o nosso país, como cidadãos e como artistas, quando as pessoas veem sua obra além do seu trabalho, querem saber como você pensa, como é a vida de onde veio e assim, nós acabamos vendendo um pouco de nossa cidade e naturalmente comprando outras, sempre travando um diálogo construtivo.

O que Bel Borba tem a dizer para quem deseja seguir a carreira de artista plástico?

  1. Não se engane, não é fácil em nenhum aspecto e é de uma complexidade indescritível;
  2. Vai haver gente pelo caminho que eu chamo de antibiótico desnecessário, como inimigos gratuitos. Não se importe com elas, faz parte da carreira e da vida. A boa crítica, favorável ou desfavorável, é aquela que lhe ajuda a corrigir erros e contribui com sua evolução;
  3. Você só vai saber o que fazer se você souber porquê;
  4. Não pise em ninguém para subir;
  5. Se patrulhe para não praticar e não dê a mínima quando for vítima de ciúmes, inveja e conspirações. Não se abale, ignore, vai acontecer;
  6. Leia muito, estude muito, trabalhe muito a arte até os últimos dias da sua vida;
  7. Se certifique que você tem os dois pés bem plantados, um na emoção e outro na razão; 
  8. Seja leal a você e a essência do seu trabalho;
  9. Somente se abaixe, se for para levantar-se jogando tudo para o alto;
  10. Dificuldade lhe dá musculatura, elogios lhe amolecem e a crítica lhe motiva, torcida lhe motiva. Agora: torcida contra, me dá asas!
  11. Fique atento a tudo que está ao seu redor, principalmente no seu tempo. Fique sempre de olho na história e no contexto que linka toda a história à capacidade de abstrair. Isso é um exercício fantástico. Treine;
  12. Em alguns momentos você vai se perguntar: onde foi que eu me meti? Por que eu escolhi essa carreira? Não ligue não, podia ter sido pior. Já pensou se você tivesse nascido um quebra-molas? Tivesse se tornado um mero obstáculo feito para reduzir a velocidade de outras pessoas? Se você fosse um desacelerador desnecessário?
  13. Sempre terão pessoas que vão lhe amar e sempre terão pessoas que vão lhe odiar. A vida é assim mesmo, sugiro que você siga trabalhando, implacável e assim você vai conquistar o seu espaço, porque o sucesso é a única arma que você vai ter para ferir os que lhe odeiam.
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Imagens do acervo pessoal publicado nas redes sociais.

Créditos e agradecimentos: ArtWork Studio & RVSTA| Foto Bel Borba: Di Salusttiano.

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