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O vinho é uma das bebidas mais apreciadas em todo o mundo, e no Brasil não é diferente. Sempre no primeiro domingo de junho, é celebrado o Dia Vinho Nacional, uma data especial para homenagear essa bebida milenar e toda a cultura que a envolve.
Neste artigo, contamos com a expertise e conhecimento da engenheira de alimentos e sommelière Hanna Alencar para nos ajudar a explorar a história do vinho brasileiro e sua importância. Além disso, também apresentamos os destaques dos vinhos brasileiros, oferecendo dicas de vinhos nacionais premiados para se apreciar nessa data tão importante.
Uma História de Sabor, resiliência, diversidade e de um futuro promissor
Já ao longo dos muitos séculos, o vinho tem encantado paladares e se estabelecido como uma bebida emblemática em diversas culturas ao redor do mundo. Não há dúvidas que o vinho está impregnado na própria história da humanidade e também na própria história pessoal de muita gente.
O vinho também está na gênese do próprio Brasil, isso porque Portugal já era ligado à viticultura na época das grandes navegações e as primeiras embarcações já chegavam aqui carregadas de barricas com vinho, bebida indispensável para a longa travessia.
Uma breve história do Vinho no Brasil
Dentro das naus, a bebida de Baco era utilizada em rituais católicos, para cozinhar, higienizar os alimentos e para o lazer de quem estava a bordo, afinal não havia muita coisa para fazer e as condições a bordo eram bem desconfortáveis. Como era de se esperar, os primeiros carregamentos de vinho acabaram chegando em nossas terras, oxidados pelo transporte de dias em condições de acondicionamento inadequadas.
Diante disso, em vista da dificuldade de transporte dos vinhos até aqui, por volta de 1532, o explorador portugues Brás Cubas ordenou a plantação nas encostas da Serra do Mar, em São Paulo, das primeiras mudas de parreiras trazidas diretamente de Portugal.
No entanto, o desenvolvimento vitivinícola nacional foi bem lento. Como se sabe, o país passou alguns anos sendo explorado de forma extrativista com o pau-brasil e somente com o passar de alguns séculos foi iniciada a agricultura em maior escala. A cultura predominante escolhida, de outro lado, não foi a viticultura, mas, como se sabe, a de cana de açúcar, que dominou o país e se tornou sua atividade econômica principal, influenciando os modos de vida da sociedade e suas escolhas. O vinho continuou a ser importado da Europa para as terras brasileiras, onde eram consumidos somente por classes econômicas que por ele podiam pagar.
Entretanto, em razão da forte tradição do catolicismo no país, o vinho, usado em celebrações de missas, tornou-se conhecido desde muito cedo por aqui e sempre esteve presente, por assim dizer. A própria expansão da igreja católica no território nacional importava na chegada de vinho a esses locais nunca antes visitados pela bebida. Além disso, a igreja era a responsável por ditar os comportamentos da sociedade brasileira, sendo certo que quem podia, entendia que se o padre podia beber vinho, todos os demais também estavam autorizados a fazê-lo.
Já no início do século XIX, momento histórico que coincide com a própria chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, a produção de vinho começou a aumentar no Brasil.
Entre 1824 e 1875, foram os imigrantes alemães que impulsionaram a produção de vinhos no Sul do país. Até que, com a chegada dos colonos italianos, houve uma maior difusão do cultivo e da qualidade do que era produzido aqui.
A Diversidade é o sobrenome do Vinho Nacional
Com uma variedade de regiões produtoras espalhadas por todo o território nacional, o Brasil se revela como um país de grande potencial vinícola. A região mais reconhecida e tradicional até hoje é o Vale dos Vinhedos (DOVV), localizado na Serra Gaúcha, no estado do Rio Grande do Sul. Nesta região os vinhedos se estendem pelos morros, produzindo vinhos de alta qualidade a partir de uvas como Merlot, Cabernet Sauvignon e Chardonnay. Além do Vale dos Vinhedos, outras regiões como a Campanha Gaúcha, os estados de Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e o Vale do São Francisco também produzem vinhos de qualidade.
A região mais recente de produção de vinhos é a Chapada Diamantina baiana, que também tem ganhado destaque na produção de vinhos finos, espumantes e vinhos de sobremesa. Tantas regiões distintas com características climáticas únicas e de solo particulares, com significativa variedade de uvas, acaba por imprimir no vinho brasileiro uma pluralidade raramente vista em um único país produtor.
Em se tratando de mercado consumidor, no cenário atual, pós pandêmico, observa-se um crescente interesse dos brasileiros em conhecer e apreciar a bebida, atingindo uma população mais jovem de enófilos. Segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o Brasil é o 15º colocado em produção, cujo volume avançou 9% entre 2021 e 2022.
Em consumo, o Brasil tem a 16ª posição, com o consumo per capita de 3,6 litros em 2022. Esse consumo médio de quase 5 garrafas por pessoa anualmente tem bastante espaço para expandir-se.
Para atender a esse público cada vez mais informado e com repertório sensorial em constante expansão, o vinho brasileiro está experimentando um momento de grande evolução e reconhecimento. Nesse sentido, a indústria vinícola do país tem investido em tecnologia, conhecimento e enologia, resultando em vinhos de alta qualidade que têm conquistado prêmios em competições nacionais e internacionais.
Além disso, a diversidade de terroirs brasileiros e a habilidade dos produtores em explorar o potencial de cada região têm contribuído para a criação de vinhos que refletem a identidade e a riqueza do país: a diversidade.
O Futuro do Vinho no Brasil
Olhando para o futuro, as perspectivas para o vinho brasileiro são promissoras. O mercado interno tem apresentado um aumento significativo no consumo de vinhos nacionais de qualidade, impulsionado pelas crescentes premiações internacionais dos nossos vinhos.
Além disso, a exportação de vinhos brasileiros tem ganhado espaço em mercados internacionais, com uma demanda crescente por vinhos exóticos e distintos. A constante busca por inovação, aprimoramento técnico e sustentabilidade também promete impulsionar ainda mais a qualidade e a reputação dos vinhos brasileiros no cenário global.
O vinho brasileiro é uma verdadeira expressão do trabalho e dedicação dos produtores, que têm explorado o potencial do território nacional para criar vinhos únicos e de alta qualidade. Com uma história rica, regiões produtoras encantadoras e o enoturismo tomando força, o vinho brasileiro hoje oferece aos amantes da bebida uma experiência sensorial única e inesquecível. Um brinde ao Dia do Vinho Nacional!
6 Vinícolas Brasileiras Premiadas para Brindar o Dia do Vinho Nacional
As comemorações do Dia do Vinho Nacional não param por aqui. Assim, seguimos com dicas de quem entende do assunto. Hanna Alencar selecionou algumas vinícolas brasileiras e suas respectivas criações que tem ganhado destaque pela qualidade e excelência.
Casa Valduga
Vinícola brasileira conhecida por seus espumantes premiados, como o Casa Valduga Raízes Gran Cuvée Brut. Ele recebeu prêmios em competições como o Decanter World Wine Awards e o International Wine Challenge.
Lidio Carraro
Essa vinícola familiar tem se destacado por seus vinhos premiados. O Lidio Carraro Quorum Tannat já conquistou prêmios no Decanter World Wine Awards e no Concours Mondial de Bruxelles.
Vinícola Guaspari
Situada em São Paulo, a Vinícola Guaspari tem ganhado destaque com seus vinhos finos. O Guaspari Vista do Chá Syrah já foi premiado em competições como o Decanter World Wine Awards e o International Wine Challenge.
Vinícola Ferreira
Situada na parte mineira da Serra da Mantiqueira, esta vinícola tem diversos vinhos premiados dentre eles o São Bernardo gran corte (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Marselan, Syrah, Petit Verdot), com Medalha de Prata em Londres Decanter DWWA, Medalha de Prata em Paris PWC, Medalha de Prata em São Francisco Califórnia.
Vinícola Gazzaro
Diretamente de Flores da Cunha/RS – Serra Gaúcha, temos o Chardonnay da vinícola Gazzaro com Medalha de Ouro – Concurso International Awards Virtus em Lisboa, Portugal – 2021.
Vinícola Uvva
No novo Terroir da Chapada Diamantina, esta vinícola baiana tem ganhado destaque e promete ter mais premiações. O Blend Cordel recebeu recentemente reconhecimento internacional e é composto por Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec, com amadurecimento em barricas de carvalho francês na cave subterrânea. Premiações: Safra 2020 – 91 Pontos – Melhores Tintos, Safra 2019 – 91 Pontos Descorchados – Melhores Tintos e Ouro – Brasil Wine Challenge 2022.
Mais um brinde ao nosso vinho! Essa foi a nossa singela homenagem ao Dia do Vinho Nacional. Tim-tim!
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