O que você verá na matéria
Antes o grão que era selecionado somente para exportação, hoje encontra uma crescente demanda interna.
Assim como aconteceu com o mercado de Cerveja Artesanal – que segue em ritmo crescente e viu aumentar em 12% o número de cervejarias registradas no ano passado -, o de Café Especial também vive um boom de crescimento.
De acordo com um levantamento do mesmo ano feito pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado, o consumo de cafés especiais no Brasil tem registrado um aumento médio de 15% a cada ano.
Esse crescimento expressivo demonstra uma mudança de hábito do consumidor brasileiro. O mesmo está trocando o café comum da prateleira, por um café de melhor qualidade. Assim como vem fazendo com a cerveja tradicional, trocada pela artesanal ou puro malte.
O que é o Café Especial?
Café especial é o termo utilizado para nomear o café de mais alto nível disponível no mercado, o que alcança o topo.
A nomenclatura foi citada pela primeira vez em 1974 pela norueguesa Erna Knutsen na edição impressa do Tea & Coffee Trade Journal.
Os métodos de cultivo desses cafés apresentam padrões superiores aos cafés tradicionais e isso acaba por refletir no seu custo final. As sacas especiais podem custar até R$20 mil, enquanto as versões tradicionais ficam no valor médio de R$2,3 mil.
Então para ser caracterizado como especial, os grãos, que só podem ser da variedade arábica, devem apresentar três requisitos mínimos:
3 Requisitos para um Café Especial
- Ser colhido através da colheita seletiva de grãos maduros
- Ter no máximo cinco defeitos por sacas de 350g.
- Ter pontuação mínima de 80 pontos na avaliação de especialistas, em notas que vão de 0 a 100 em critérios diversos como doçura, sabor residual e acidez.
O Café Especial na Bahia
Muita gente não sabe, mas a Bahia, em especial a Chapada Diamantina, é uma região produtora de cafés premiados e de alta qualidade, daquele tipo que antes era somente destinado ao mercado exterior.
Segundo Luca Allegro, empreendedor do setor: “A Latitude 13 está entre os pioneiros neste mercado de cafés especiais aqui no Brasil. Pois, como produtores, vimos esse processo de especialização do mercado de cafés acontecer durante a década passada com nossos clientes importadores nos Estados Unidos e Europa. Lá, o mercado de grãos de qualidade superior está consolidado, e os nossos cafés Chapada Diamantina são muito valorizados pelas características sensoriais únicas do nosso terroir”. E complementa: “Nós começamos já em 2015 a torrar aqui no mercado nacional os mesmos grãos de qualidade que exportávamos para os Estados Unidos e Europa”.
Os produtores baianos estão atentos à nova tendência mundial e também local, uma vez que um novo perfil de consumo do café vem florescendo e crescendo no país.
- Leia também: Conheça as Melhores Cafeterias de Salvador: Onde encontrar a sua nova cafeteria favorita.
O novo perfil de consumo de café do brasileiro
O brasileiro ama café e está com o paladar mais exigente para essa bebida aromática e saborosa.
No país, os apreciadores desse tipo de grãos vêm crescendo a cada dia, cada vez mais atentos à complexidade sensorial da bebida.
Em pesquisa realizada pela ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café) sobre as preferências dos consumidores no momento de escolher o café, foi observado que:
- 25% ainda preferem o café tradicional;
- 8% o extra-forte;
- 11% o superior;
- 35% o gourmet;
- 21% têm preferência pelo café especial.
Não é à toa que o Brasil é o segundo maior mercado consumidor de café do planeta, com um consumo de 21,5 milhões de sacas de 60 kg só no último ano. O mercado total nacional cresce cerca de 1,34% enquanto o de Cafés Especiais aumenta 15% anualmente.
Bem como a tendência de crescimento do consumo de Cafés Especiais, surge também um mercado voltado para educar os consumidores sobre a cultura do café para além do filtro caseiro.
Nesse sentido, o consumidor começa a se familiarizar cada vez mais com termos como moagem, torra, extração e até uma expressão que no inconsciente coletivo está diretamente ligada ao vinho: o terroir.
Portanto, esse novo consumidor que vem se formando se preocupa mais com a origem do produto, a sua região de cultivo e o processo que aquele grão passou até chegar à sua xícara para ser bem apreciado.
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