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Salvador, eu vou comer seu bolo: um parabéns que só essa cidade sabe cantar

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Uma homenagem bem-humorada, musical e temperada ao estilo soteropolitano de celebrar

Há uma maneira muito específica — e deliciosa — de cantar parabéns em Salvador. Uma mistura de ritmo, afeto, improviso e, claro, comida. No dia do aniversário da capital baiana, não há forma melhor de celebrar do que com bolo, música e uma boa gargalhada sobre os rituais que tornam nossas festas únicas no Brasil.

Se em outras cidades o “parabéns pra você” termina com palmas e vela apagada, em Salvador ele entra num redemoinho musical onde cabe de tudo: “É pique!”, “Derrama Senhor!”, “É vatapá, é caruru!”. Uma verdadeira sinfonia de identidade cultural que transforma qualquer aniversário numa performance digna de trio elétrico.

Para marcar a data de hoje, celebramos os 476 anos de Salvador com um texto que é puro amor por essa cidade — sua comida, sua gente e sua maneira irreverente de estar no mundo. E, claro, com um bom pedaço de bolo no prato. Leia abaixo esse tributo divertido e afetivo à forma soteropolitana de cantar parabéns. Porque aqui, meu bem, o parabéns não termina nunca.

Salvador, eu vou comer seu bolo

Hoje é aniversário de Salvador e essa linda cidade merece todas as homenagens e um belo parabéns com bolo e tudo nesse dia especial. Vamos? Só que, antes da gente começar a cantar, me diz uma coisa, você aí alguma vez já cantou parabéns nessa cidade? Acredite em mim, é uma experiência única. Cantar parabéns aqui é diferente. Vou tentar explicar pra que a gente possa cantar todo mundo junto, que é como a gente gosta.

Pra começar, já fica logo dito aqui que cantar parabéns em Salvador é diferente, afinal tudo o que diz respeito a Salvador é feito à moda soteropolitana de viver, única e original. Mas não é assim, difereeente não, é só diferente mesmo, você entende. Se acalme que pra cantar por aqui também tem vela, tem bolo, palminhas, também não é assim um auê total, tem organização.

No geral, se canta parabéns alegremente e batendo palminhas em um coro onde ninguém sabe bem muito para onde olhar, principalmente o aniversariante. Isso também é igual em todo lugar. Aliás, já vou logo te dando a dica, se você for o aniversariante, por aqui também vale a regra de encarar firmemente a chama da vela para disfarçar ser o centro das atenções.

A gente também aglomera as crianças perigosamente ao redor da vacilante mesa do bolo, sempre pergunta quem tem fósforos e se amontoa juntinho pra cantar. Até aí tudo igual sem tirar, nem pôr.

A grande diferença por aqui está na música mesmo, como aliás não poderia deixar de ser. Em sendo cantiga, a musiquinha do parabéns nessa cidade jamais estaria a salvo da nossa veia musical.

O combinado é que basta estar pronto pra cantar afinal o começo é sempre fácil, basta um só começar e todo mundo já acompanha. Muitas palminhas e muitos anos de vida, uma alegria só, a gente se entrega relaxado na simplicidade dos versinhos, uma delícia. Tão gostoso que a gente podia ficar pra sempre aqui fazendo isso e é justamente isso que os soteropolitanos descobriram: uma forma única de alongar indefinidamente o parabéns. A verdade é que a maior diferença é que em Salvador o parabéns nunca termina.

Pelo resto do país se canta parabéns e ele termina em muitos anos de vida, palmas e sopro de velinha, mas por aqui, não. Aqui ninguém nunca sabe ao certo quando, se e como o parabéns vai terminar. Termina o parabéns protocolar e entramos por um portal e ninguém mais sabe por quanto tempo a mais cantaremos. Vai ter “que Deus lhe dê”? Termina no “é pique, é pique, é hora, é hora”, no “ra-tim-bum”? Houve um tempo em que acabava aqui sim, mas como a música tende ao infinito, não é mais assim, ou por acaso você achou que a comida baiana ia ficar de fora do parabéns? Por aqui acharam que ela precisava entrar também na canção.

Depois de todo o “derrama senhor”, “viva” e dos gritinhos agora em Salvador também tem mais um adendo e, como é aniversário dessa cidade, já te ensino. Depois de todo o parabéns, apagada a vela, agora a gente canta: é vatapá, é caruru! Salvador eu vou comer o seu bolo!

P.C.L

aniversário de Salvador

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